JM Cunha Santos
Um
debate com 11 candidatos não permite a ninguém entrever onde, de fato, estão as
melhores propostas e nem mesmo o nível de conhecimento e sinceridade de cada
discurso. Mas foi um debate muito bem organizado e sem agressões mais graves.
Afinal, estamos numa cidade bem mais civilizada que os Estados Unidos.
Lamentável
foi o desfile de pobrezas. Teve gente que já dormiu no chão, que andou de
ônibus, que dependeu de hospital público, que passou fome etc., uma velha
apelação da política que já cansa o eleitor.
Educação,
saúde e mobilidade urbana foram os temas mais discutidos o que, inevitavelmente,
serviu para destacar as administrações do governador Flávio Dino e do prefeito
Edivaldo Holanda Júnior.
Vou
deixar aqui algumas impressões, diga-se de passagem, muito pessoais, sobre o
debate.
Faltou
voz e firmeza nas colocações do candidato Iglésio Moisés. O candidato Carlos
Madeira deixou a impressão de que ainda não tem um plano de governo; foi
discursivo e muito empolado. O candidato Duarte Junior foi excessivamente
personalista, como se pretendesse governar a si mesmo e não à cidade de São
Luís. Jeisael Max manteve sua postura de independência, mas falava rápido
demais, querendo dizer muitas coisas ao mesmo tempo. Eduardo Braide, mais uma
vez, escondeu o seu Bolsonaro de cada dia. Franklin Douglas teve uma ótima
performance, embora falasse muito baixinho e tenha cometido a asneira de chamar
Rubens Júnior de bolsonarista.
O
candidato do PSTU, Hestz Dias, nacionalizou o discurso. Saiu-se bem, mas propôs
o impraticável para um prefeito: transferir os hospitais privados da cidade
para o SUS.
Ruben
Júnior, Neto Evangelista e Bira do Pindaré, reafirmaram seus compromissos com a
liderança do governador Flávio Dino, destacando os programas diversos que
desenvolveram enquanto secretários de Estado. Neto Evangelista na Secretaria de
Desenvolvimento Social, com os restaurantes populares; Rubens Júnior na
Secretaria de Cidades com obras habitacionais e o Programa Cheque Minha Casa e
Bira do Pindaré na Secretaria de Ciência e Tecnologia, com os Iemas. Iglésio
Moisés defendeu ferrenhamente o prefeito Edivaldo Holanda Júnior e o programa
São Luís em Obras e Rubens Júnior foi o mais incisivo nas citações sobre a
grande trabalho realizado no Maranhão pelo governador Flávio Dino, se
comprometendo, ainda, a dar seguimento às obras de Edivaldo que não forem
concluídas.
Apareceu
um pastor, Sílvio Antônio, vociferando contra a corrupção, como se ninguém
soubesse o que está acontecendo com igrejas e autoridades evangélicas desde que
Bolsonaro assumiu o poder. Os casos, por exemplo, do pastor Everaldo, do
prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, da pastora Flordelys e com a
Igreja Universal do Reino de Deus, acusada de lavagem de dinheiro na ordem de
R$ 6 bilhões. Esqueceu também as rachadinhas e os R$ 7,5 milhões doados por uma
empresa para combate à covid-19 e desviados por Michelle Bolsonaro.
Foi
apenas o primeiro debate e serviu para que cada candidato marcasse sua posição
política, menos Eduardo Braide cuja participação mais visível foi elogiar uma
administração imaginária de sua candidata a vice.
Quanto
a planos de governo, o melhor que os candidatos fazem é distribuí-los à
população e destaca-los na propaganda eleitoral gratuita da televisão. Com
tantos candidatos num debate, as propostas e programas se esvaziam em meio aos
discursos.
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