quarta-feira, 14 de abril de 2021

Governo Bolsonaro tenta, pela terceira vez, impedir a entrada de vacinas no Brasil; Flávio Dino não deixa

“Da China nós não compraremos. (a Coronavac) É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança o suficiente para a população pela sua origem. (Jair Messias Bolsonaro, presidente do Brasil).

JM Cunha Santos


A Anvisa tem agora até o final de abril para avalizar o pedido de importação e autorização de uso excepcional da Vacina Sputinik V no Maranhão. Caso não se manifeste, o governo do Estado poderá adquirir, aplicar e distribuir a vacina.

A decisão é do ministro Ricardo Levandovski, atendendo a Ação Cível impetrada pelo governo do Maranhão pedindo que autorize a importação da Sputinik V.

Como é sabido, governadores do Nordeste se uniram para importar 37 milhões de doses da vacina Sptinik e foram barrados por um inexplicável surto de má vontade na Anvisa que resolveu até inspecionar o laboratório que produz o imunizante. Lá na Rússia, acreditam? E segundo o governador do Piauí, Wellington Dias, corremos o risco de perder a negociação desse lote de vacinas com os russos para a Alemanha.

A meu ver, não há dúvidas, de que tem o dedo e o ódio de Jair Bolsonaro nesse boicote, já que não é a primeira vez que ele retarda a entrada de imunizantes no Brasil. Em agosto do ano passado, o governo Bolsonaro recusou a oferta de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer. Inventaram uma porção de desculpas e forjaram argumentos sem nexo para não aceitar a oferta. O lento Ministério da Saúde brasileiro só viria a anunciar que compraria vacinas da farmacêutica americana 7 meses depois.

Em outubro do ano passado, o mesmo governo Bolsonaro rejeitou proposta do Instituto Butantan de compra de 45 milhões de doses da vacina Coronavac até dezembro e outras 15 milhões no primeiro trimestre de 2021. A extrema direita idiota do Brasil levantava suspeitas sobre uma vacina chinesa e vale destacar aqui a declaração irracional de Jair Bolsonaro: “Da China não compraremos É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança o suficiente para a população pela sua origem”. Hoje, embora com um atraso que custa centenas de milhares de vidas ao país, o Brasil se imuniza contra a covid-19 com a Coronavac e a Astrazeneca.

É mais um ato bizarro de estupidez sem limites, que o Consórcio de Governadores do Nordeste se proponha a comprar 37 milhões de doses da vacina russa Sputinik, e o governo Bolsonaro acione seus diretores na Anvisa para retardar a chegada do imunizante no país. Só a título de comparação, quando finalmente permitiram que a Coronavac chegasse ao Brasil, o Chile já dispunha de 3 vacinas por habitante.

No Maranhão, antes do Consórcio dos Governadores do Nordeste, o governo Flávio Dino já havia assinado contrato para aquisição de 4,5 milhões de doses da vacina Sputinik V. O boicote veio, mas a ação impetrada pelo governo do Estado foi acatada liminarmente agora pelo ministro do STF Ricardo Levandovski. Só nos resta rezar para que os efeitos da decisão prolatada se estendam aos demais estados do Nordeste e que, mais uma vez a despeito de Jair Bolsonaro e seu séquito, salvem-se milhões de vidas no Brasil.

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