domingo, 25 de outubro de 2009

CIMENTO NO CORAÇÃO DAS ROTATÓRIAS

JM Cunha Santos


Basta que o sinal feche e eles estão lá, imensos e surpreendentes, algumas vezes mal encarados e esqueléticos, envergando um artefato de limpeza disforme, avançando sobre os pára-brisas, em busca das moedas de nossa compaixão e solidariedade.

São o que o Ministério Pública chama de “crianças e adolescentes em situação de rua” e geralmente se entregam ao sol causticante de outubro como forma de reforçar o orçamento familiar ou mitigar a própria fome. Podem também estar à cata de recursos para saciar o vício da droga ou cumprir compromissos inadiáveis e perigosos com os traficantes.

Esse é um retrato do Brasil que os esforços dos programas sociais do Governo Lula não está conseguindo mudar. O trabalho infantil, criminosamente usado em regiões ermas do país como forma de garantir mão de obra sub-remunerada e que patrocina o lucro fácil de muitos “tubarões”, ganha conotações de tragédia social nas capitais brasileiras.

Em São Luís, o promotor de Justiça Márcio Thadeu Silva Marques, titular da 1ª Promotoria da Infância e Juventude requisitou em setembro, dos órgãos da Prefeitura Municipal de São Luís, relatório sobre a situação de crianças e adolescentes que trabalham em semáforos e rotatórias da cidade, conforme noticia o Jornal Pequeno, edição de quinta-feira próxima passada. A solicitação está também feita à Polícia Civil e ao Comando do Policiamento Metropolitano da capital. A promotoria pretende realizar audiência pública com instituições e entidades da sociedade civil para discutir e quem sabe encontrar soluções para o problema.

Num país que discute e rediscute a redução da maioridade penal para 16 anos em vista da crueldade dos criminosos e em que 18% da população carcerária é de menores reféns do Estado de uma forma ou de outra, podemos falar ainda em tragédia social. Mas os estabelecimentos de correção e as medidas sócio-educativas impostas ou, mesmo, a liberdade assistida não estão bastando. As crianças do Brasil cometem assaltos à mão armada, homicídios e latrocínios com a constância e despreendimento de guerrilheiros. Sem que, no entanto, os programas de reinserção na sociedade alcancem o êxito esperado. Mais de 70 % delas retorna ao crime.

Entre os defensores de penas mais rígidas, como a coabitação desses menores com presos adultos para que de fato sintam os rigores da cadeia, há os defensores da pena de morte não institucional, que acham que eles deveriam simplesmente ser eliminados da face da terra. Esses não estão sendo sábios nem justos. Não estão conseguindo enxergar nada além de cimento no coração das rotatórias.


ROTA SEM EMOÇÕES




Vamos esperar que de fato seja improcedente a informação, publicada no Portal AZ, de que o governo do Estado abandonou o consórcio turístico “Rota das Emoções”, sob qualquer desculpa que possa estar sendo utilizada.

Roseana tem agido com muita constância contra atos de Governo praticados na gestão Jackson Lago, copiando o velho artifício político de desmontar obras e feitos do antecessor como forma de desmobilizar eleitoralmente o adversário. Mas, por tudo que possa haver de razões e contra-razões nessa atitude, é inconcebível que não seja mais interesse do Estado integrar o chamado Consórcio Integrado de Turismo - a Rota das Emoções.

Pode até ser que o Maranhão tenha condições de optar por tirar proveito sozinho do turismo na região dos Lençóis. Contudo, não é o que tem acontecido. A região é de uma beleza tão incandescente que seu sub-aproveitamento é simplesmente incontestável. Ademais, não é digna de nota a infra-estrutura montada em Barreirinhas para receber os turistas. Daí porque, na formalização do consórcio, os três Estados (MA, PI, CE), concordaram em criar a Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável com duração prevista de 12 anos para estruturar, planejar e executar as políticas de consolidação do turismo na rota Jeri-Delta- Lençóis. O Portal AZ diz que o governo do Maranhão se recusa a assinar o novo contrato de rateio dos recursos, o que teria irritado profundamente os governadores Wellington Dias e Cid Gomes que decidiram assumir integralmente essas despesas.

O atual governo desmente que tenha rompido com o consórcio e informa que apenas não abre mão de ser Barreirinhas ou São Luís o Portal dos Lençóis Maranhenses e acusa o governo anterior de ter transferido essa primazia para Parnaíba. A ser verdade, pode até esta correto, até porque não existe nenhuma rota de emoções no Nordeste que não inclua São Luís e os Lençóis Maranhenses. Mas se tudo não passar de mais uma desculpa esfarrapada para descaracterizar ações do governo anterior, está cometendo um crime de lesa-pátria e também um crime contra a economia do Maranhão, cuja densidade maior está no turismo. Sem os Lençóis e sem São Luís esta será, indubitavelmente, uma rota sem muitas emoções.

ESCOLHA...

Entre os bandidos e os justos; entre a paz e a violência; entre a polícia e a procissão; entre a escola e a cadeia; entre a tranqüilidade e o pesadelo; entre a cama e a sarjeta; entre os sonhos e as alucinações; entre o pânico e a segurança; entre a clínica e a igreja; entre o ódio e o amor; entre o emprego9 e o desemprego; entre a saúde e a doença. ENTRE SUA CASA E A BOCA DE FUMO.

Mas escolha rápido. Você não tem muito tempo.



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