sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Poesia:
Motel
JM Cunha Santos















o mênstruo da aurora em tom vermelho

repete-me abatido na vidraça

minha imagem em dó, ré, mi, coalha no espelho

o sol, lavando o resto, vê e passa


é a manhã, rebento do meu sono, afoito

me mudo para a lâmpada que, acesa,

crava minha sombra sobre a mesa

caneta e eu, poema, eterno coito


saudades dela em mim como estrias

na pele. E como é dura removê-Ias

devassos nós dormimos quando é dia


que às noites, como cães lassos de orgia

se ela faz suruba com as estrelas

eu vivo em coito anal com a poesia

2 comentários:

  1. Ludicamente erótico. Poema forte nunca deixa o poeta sem sorte... Será um enorme prazer segui-lo!

    Abraço
    Samantha Beduschi

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  2. Ou melhor:
    Coito com poema forte
    Nunca deixa o poeta afoito
    Sem sorte...

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