JM Cunha Santos
EPISÓDIO DE HOJE
A baderna
Froxô estava satisfeito. Algumas garfadas de caviar russo, mordiscadas com tiras de faisão grelhado, servidas com Blinis e trufas ao molho creame cheese, além de postas de Haddock escocês defumado, na lanchonete do Hemomar, aliviaram a eterna tensão estomacal do detetive. Mas a missão que recebeu em seguida foi de lascar.
- Esta é uma investigação que deve correr não em segredo de Justiça, mas em segredo de Polícia. O governo não pode saber que estamos investigando o governo. É aquele estilo da CIA, do FBI, da KGB, você entende? Precisamos saber quem é o responsável pela baderna que aconteceu no lançamento do livro “Honoráveis Bandidos”.
Froxô esteve no Sindicato dos Bancários, examinou as cadeiras quebradas, os estilhaços de vidro, a pia da cozinha, os banheiros, colheu impressões digitais, preparou uma lista de suspeitos e voltou com a resposta.
- É o seguinte, chefe: Não foi a Roseana. Ela tem um álibi. Estava jogando cartas em Brasília no momento em que foi dada a ordem para o sinistro. Também não foi o João Alberto. Ele estava governando (ou desgovernando) na hora em que tudo aconteceu. O Ricardo Murad também tem um álibi. Apreciava as iguarias da lanchonete La Cassarole, do Hemomar, ao lado de dois transplantados, três enfermeiros, um diretor de hospital, cinco prefeitos e um dono de laboratório quando os baderneiros chegaram. Também não foi o Roberto Costa. Ele ta liso.
- É. Você descobriu todo mundo que não foi. Agora me diga quem foi o responsável pela baderna.
A solicitude e empáfia do detetive ao revelar o nome do culpado, era digna de Sherlock Holmes.
- Elementar, meu caro chefe. Foi o Palmério Dória. Tudo não passou de uma grande jogada de marketing. Ele pagou aquela porção de doidos, arranjou aquela confusão memorável só para chamar a atenção e vender livros no mundo todo.
- Parabéns, detetive. Vou recomendá-lo para a Medalha do Mérito Mirante na próxima reunião da Academia.
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