Descompasso
JM Cunha Santos
(A José Sarney)
Um brutamontes que mora no meu peito
qual um liburno que me desativa
não aceita que eu seja carne viva
e quer que eu seja apenas um suspeito
que eu não me mexa por não ter direito
à alegria humana, mesmo que passiva
que seja apenas carne corrosiva
ou um defunto a manquejar sem leito
Um brutamontes explode-me em poeta
fisgando tudo que tenho de artista
matando o advogado e o jornalista
o pai também, também o idealista
e eu acabo só, sentado numa pista
a ser um ser sem pontos nessa reta.
Boa noite! Muito bonito este poema. Um abraco.
ResponderExcluirFrancisco