quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Descompasso
JM Cunha Santos
(A José Sarney)

Um brutamontes que mora no meu peito

qual um liburno que me desativa

não aceita que eu seja carne viva

e quer que eu seja apenas um suspeito


que eu não me mexa por não ter direito

à alegria humana, mesmo que passiva

que seja apenas carne corrosiva

ou um defunto a manquejar sem leito


Um brutamontes explode-me em poeta

fisgando tudo que tenho de artista

matando o advogado e o jornalista


o pai também, também o idealista

e eu acabo só, sentado numa pista

a ser um ser sem pontos nessa reta.

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