JM Cunha Santos
Sou de quando fumar era elegante e não fazia mal à saúde, de quando mertiolate e mercúrio cromo saravam as feridas, de quando consolo de bebê (pipo) não interferia na formação da personalidade adulta.
Sou de quando cortar árvore não era crime, de quando bater em mulher era só uma questão de honra, de quando sexo fora do casamento era pecado.
Sou de quando banhar não curava febre, matava; de quando só tinha dinossauro na África, de quando sexo era um ato cometido entre homem e mulher.
Sou de quando adultério era pecado, de quando negros não podiam ser presidentes e presidentes não precisavam necessariamente ser eleitos e os refrigerantes chegavam às prateleiras com açucar e sabor de sol;
Sou de quando para ser ministro do Supremo Tribunal Federal precisava entender de leis, de quando bermuda era vestimenta de pobre, de quando cachaça com limão curava gripe.
Sou de quando a lua tinha um dragão que apavorava e um São Jorge que não se rendia, de quando não se pagava estacionamento para fazer compras, de quando as crianças não atacavam os adultos;
Sou de quando as fraldas não eram descartáveis, nem descartáveis eram minhas paixões; sou de quando as pornografias eram proibidas e a saudade um bem coletivo inalienável e intransferível; de quando só bem poucos, muito poucos, não tinham o direito de ser feliz.
Sou desse tempo de cantigas de roda, de flores se abrindo nas calçadas, de crianças nuas banhando nos açudes. Sou desse tempo e sinto que vivi demais.
Agora há explosões nucelares, televisores, celulares, tsunamis, DVDs iPADs e com nada disso sei o que fazer. Sou do tempo em que as coisas aconteciam. Agora, não acontecem mais. Quando vão acontecer já passou. E eu nem vejo passar.
É sinal que estamos ficando velhos!!! pois já se passaram meio século!!!
ResponderExcluirE eu sou de um tempo em que os professores não eram analfabetos. "Já se passaram meio século", ninguém merece, professor Caio.
ResponderExcluirMaravilhoso , acalma a alma, e faz refletir
ResponderExcluirLígia desculpa o erro... Você tem razão... Errei feio a concordância verbal. Foi a emoção por ter completado 50 anos, ou seja, meio século.
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