sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Decreto de ano velho

JM Cunha Santos

O sol ainda é o mesmo, a farra tropical de calor ainda esquenta nossos corpos. No horizonte, os deuses do Olimpo festejam a Justiça que se espera e frases de amor surgem escritas nas estrelas. É manso o cometa que rasga o espaço anunciando com luzes partidas a chegada do novo ano.

Que todos sejam felizes é o que desejamos. Um mundo sem ódios, sem fome, nem guerras, que se concluam todas as histórias e que cada ser humano, finalmente, tenha aprendido a amar sem sofrer.

Para mamar nos seios fartos da noite aguardaremos pelo sol de cada dia, pela consagração de existir sem causar dor e o direito de seguir em frente sem ter que voltar e se voltarmos que seja para trazer de volta a felicidade que levamos.

As horas escorrerão com a mesma velocidade e cada minuto será de êxtase e estupefação porque neste ano conseguiremos não sentir raiva, conseguiremos ir além de nossos propósitos e brilhar para que toda a gente brilhe e, de foguete ou bicicleta, enviar sorrisos para as bocas tristes em nossas casas.

Não haverá mais passado e se houver não será triste; não haverá mais futuro porque todos os futuros serão bons e iguais.

Fica decretado que todos são irmãos de todos e que os sonhos serão realidades antes de acontecer. Receberemos de Jano as chaves de todos os portões para que todos possam passar sem se ferir, para que todos possam ir e vir sem se machucar.

Devemos nos preparar para não cometer os mesmos erros e continuar vigiando nossas almas para que elas não escapem pelas saídas da inveja e da ostentação.

Fica decretado que todos estarão puros na hora de amar. Fica decretado o fim da violência e de todas as maldições.

Bem aventurados serão todos os que tiverem fome e sede de justiça, porque a sede e a fome não mais existirão. Toda criança terá direito a pai e mãe e todo pai e toda mãe terá direito de ser criança para sugar em pipos azuis a alegria.

Bem aventurados serão todos que viveram anos sem ventura e as portas e janelas se abrirão para o despertar de uma nova consciência.

Fica decretado que os velinhos serão jovens e que todos os jovens saberão agir como velhos. Fica decretado o fim da tirania e da intolerância, do preconceito e da maldade, das ditaduras e da corrupção.

Fica decretado que o homem só será homem se aprender a perdoar, só será crente se guardar a fé, só será livre se amar a liberdade.

Fica decretado que em todos os janeiros será fim de ano para que a humanidade inteira possa dizer em dezembro: Feliz ano velho, meu amor.

2 comentários:

  1. Muito bom Cunha Santos, para recarregar as baterias para o 2012 e muito Axé. Parabéns pelo artigo. Martins

    ResponderExcluir
  2. Valeu, Martins. Vamos recarregar as baterias.

    ResponderExcluir