JM Cunha Santos
“Em tempos de tirania, quando a lei oprime o povo, os fora da lei assumem seu papel”. A declaração robinhoodiana cai como uma luva sobre o total de muitos acontecimentos do país. Principalmente os que enfeixam a Esplanada dos Ministérios onde todo dia surge uma nova denúncia de corrupção e os bilhões escorrem impunemente pelo ralo do banditismo público.
Não se compreende que pessoas que estão alcançando salários que, com a soma de jetons pagos por conselhos administrativos e participações ilegais, chegam ao absurdo de R$ 41 mil por mês, ainda sintam a necessidade de roubar. Depois que rolaram as cabeças de seis ministros, todos acusados de desvio de recursos públicos, também o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, acha-se passível de enfrentar um inquérito civil por ceder privilégios financeiros a seus familiares.
Se cair, será a mesma história de sempre. Não sofrerá outra qualquer punição e o cargo continuará loteado ao Partido que o indicou, anotando-se que é essa promiscuidade político-eleitoral a lotear o governo, que permite as partilhas, divisões, o nepotismo, o superfaturamento, os desvios de recursos de forma a garantir, sem arranhões, que se mantenha incólume a base política do Governo. Assim, o governo pode errar sem medo, pode cometer crimes de responsabilidade sem nenhum temor de impedimento e os governantes sempre poderão dispor de medidas provisórias para agir como bem entenderem e à revelia do povo.
Os fora da lei agem sem susto nos Ministérios, porque sempre haverá outros fora da lei para substituí-los quando a execração pública não mais permitir que eles permaneçam nos cargos. Eles estão protegidos pelos partidos políticos, pelo Senado, pela Câmara Federal, pela Justiça cega e, por sua vez, são eles que, dominando as máquinas partidárias, protegem o Governo da revolta popular. É uma fórmula de fazer inveja à genialidade criminosa do Rocambole de Ponson Du Terrail.
Os ladrões não se conforma com que roubam, quanto mais tem mais roubam. Roubar é vício e quando não tem nada para roubar, ele rouba de si mesmo. Ladrão mais Ladrão, não se misturam, convive, um policiano o outro, não tem o ditado: "Quem rouba ladrão tem cem ano de perdão", são inimigos eternos.
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