Comunistas, graças a Deus!

JM Cunha Santos

Rapaz, e não é que Edivaldo Holanda Júnior fala. Ninguém sabia disso no Maranhão, mas ele fala. Não falou quando cortaram cabeças nos presídios do Estado, não falou durante a greve da Polícia Civil, não falou durante a greve dos professores, não falou quando fecharam escolas, não falou nem quando houve um levante da Polícia Militar do Estado que quase se transforma numa tragédia sangrenta no Maranhão.

Mas agora ele falou. Lançou sua candidatura e falou que a administração da Prefeitura não é moderna e não dialoga com a população. Não falou se o PTC vai ou não devolver os cargos que ocupa na Prefeitura, mas é de se relevar, porque, afinal, não falou também sobre os cargos no governo do Estado, no Tribunal de Justiça, no TCE e na cantina da igreja.

Aliás, esse negócio de falar é meio complicado na política. Disse algum filósofo por aí que “enquanto a palavra implica e expõe uma realidade, o silêncio pode encobrir um vazio e inclusive um mal”. O mal que Edivaldo Holanda Júnior encobre – ou não consegue encobrir - são suas ligações políticas históricas com o grupo Sarney.

Antigamente, evangélicos não se misturavam com comunistas por temor de arder no fogo do inferno. Mas, de repente... “Comunistas, graças a Deus”! E nunca custa repetir Vitorino Freire: “Em política eu só ainda não vi boi voar”. E, falando de silêncio, vamos lembrar um pouco o impagável Nicolau Maquiavel: “Permanecer em silêncio é, efetivamente, uma qualidade essencial quando se está no poder; as dúvidas podem ser ocultadas, pode-se impressionar com os resultados, atrair as confidências, mas também guardar para si o momento da decisão política e semear o medo”.

Edivaldo Holanda Júnior, certamente orientado pelo maquiavélico Edivaldo Holanda Pai, guardou silêncio, soube das confidências, viu queimaram-se todas as candidaturas do grupo de Flávio Dino e agora está semeando o medo. E só quem não tem medo dele é João Castelo. Nem dele, nem de Washington Oliveira.