quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lamento pelo jornalismo

JM Cunha Santos

Vivi várias fases do jornalismo no Maranhão. Vim do linotipo, do jornal que não podia ser colocado próximo de roupas brancas, porque a graxa da Galáxia de Gutemberg manchava as cores e a falta delas. Mas eram manchas físicas. Vim do jornalismo romântico, sem Faculdade, sem técnica ou ciência, exercido por aqueles que tinham o “dom” de escrever e enfrentavam o poder, por mais arbitrário e violento que fosse.

Vivi o jornalismo das palavras duras, dos coronéis fazendo engolir jornal, de jornalistas sendo mortos pelo simples exercício da notícia verdadeira. Vivi o jornalismo que enfrentou a ditadura militar, dos censores dentro das redações, das palavras e expressões capadas até se tornarem ilegíveis e sem sentido, das redações atacadas e do silêncio imposto pela censura, o ferrolho na boca, o total cerceamento da liberdade de expressão.

Mas não esperava viver o que estou vivendo no jornalismo do Maranhão hoje. A internet está transformando essa profissão, aqui, no território livre do assédio moral, da livre prática do crime de extorsão, do “paga ou eu publico” do “paga e eu retiro”. Lamento, lamento profundamente, jornalistas se organizando politicamente para tomar cargos dos colegas, fabricando notícias falsas, ameaçando destruir a imagem de homens públicos com o objetivo porco da compensação financeira. É triste.

A mulher de um homem, - e isso é fulminante para a alma nordestina - sua família, seus filhos, mãe, seja ele um colega de profissão, ou até o governador do Estado, não é mais respeitada, num vale-tudo por trás do qual estão os interesses mais repugnantes. E isso pode ser tudo, menos jornalismo, menos liberdade de expressão. E, por causa disso, jornalistas estão querendo se matar. É nojento. E isso eu não tinha visto ainda.

Lamento muito, pelo o que querem transformar a imprensa política do Maranhão. E nem precisam mais se esforçar tanto para me derrubar da Presidência do Comitê de Imprensa da Assembléia. Eu já caí.

Um comentário:

  1. Cunha, eu também lamento pelas merdas que muitos jornalistas escrevem e a imprensa publica aqui na nossa ilha. Realmente é lamentavel,mas não se apoquente meu amigo, vamos nos encontrar e fumar um baseado pra esquecer essas coisas, tá bom?

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