terça-feira, 1 de maio de 2012

A Assembleia combate o crack

Editorial – Jornal Pequeno, 1/05/2012

Zumbis apavorantes, jovens esquálidos, sem sangue nem coordenação motora, seres violentos, dispostos a tudo, a qualquer humilhação e qualquer crime para obter a substância que lhes proporcionará um prazer infernal até que sua própria vida se torne um inferno. Uma geração perdida, sem propostas, sem propósito, sem futuro, vagando como fantasmas e morrendo em pé nas nossas presenças.

Cada vez mais numerosos, cultivam a insônia e a depressão nos quintais de suas almas e vendem tudo em troca da fumaça que lhes embota o cérebro até que passem a agir como seres anacefálicos, vítimas de um torpor que só lhes permite o confinamento e a solidão mental de quem vive em outro mundo, tão distante que não conhecemos.

Em todos os cantos, a sociedade se organiza para salvar pelo menos parte deles, para trazê-los de volta às suas casas, devolver a vida, para que possam respirar o mesmo ar que os outros, pisar o mesmo chão, estar aqui de novo como já estiveram um dia. Precisam de proteção, mas não querem ser protegidos, precisam de amor, mas querem ser amados. Precisam de luz, mas tudo ficou escuro, como escuros são os seus destinos.

Este é o momento em que tudo precisa ser feito para salvar essas pessoas que morreram e não sabem que estão mortas. Porque eles não têm cor, não têm classe social, não pertencem a lugar nenhum. E, no Maranhão, recebemos com alegria a notícia de que a Assembleia Legislativa se organiza para combater essa epidemia. Foi criada a Frente de Combate ao Crack e, conforme anunciou ontem o deputado Arnaldo Melo, será instalada ainda no mês de maio. “Queremos convidar todos os nossos colegas deputados, o nosso pessoal da imprensa, todas as pessoas que têm interesse em nos ajudar tanto no combate ao crack como a outras drogas e, também, no combate ao tráfico, de modo que no mês de maio possamos nos irmanar aqui, juntamente com a Frente de Combate ao Crack, instalada no ano passado”, disse o presidente.

É a oportunidade de enfrentar um dos mais graves problemas do país: a degradação física e psicológica de uma geração atormentada. Há quem afirme que a dependência de droga é responsável por mais de 50% dos assassinatos cometidos no país. As instituições de reabilitação, as prisões, estão lotadas. O estrago social é astronômico, incalculável.

O presidente Arnaldo Melo deve mesmo investir todo o esforço possível da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão no combate ao crack. Irmanar-se a outras instituições, a todos que estejam dispostos a essa luta. Os pontos de venda de drogas são cada vez mais numerosos no Estado, o dinheiro que circula é muito dinheiro e a juventude que se autodestrói é cada vez maior.

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