terça-feira, 30 de outubro de 2012

Abstenção


JM Cunha Santos

Assim como o eleitor de São Luís eu me tornei abstêmio.  O eleitor de São Luís não vota; e eu não bebo. São dois atos inusitados, incríveis, dignos de registro histórico e prejudiciais à economia da capital. O eleitor de São Luís não quer votar, porque os políticos têm muitas dívidas para com ele; eu não posso beber porque se bebo, bebo tanto que não consigo pagar minhas dívidas.
Politicamente, a abstenção é própria dos anarquistas e condenada pelos democratas. A abstenção alcoólica, em geral, é cometida por um anarquista condenado. Inclusive a aceitar a existência das leis. Quase sempre, tanto quem não bebe quanto quem não vota são vítimas de cegueira social, mas a inclusão social do ex- bêbado é bem mais rara e lenta. Mesmo sóbrio, continuará sendo demitido e escorraçado. O abstêmio eleitoral será incluído logo assim que volte a votar; o abstêmio alcoólico, se voltar a beber, não será incluído nunca.
Observe-se que no Brasil todo mundo é obrigado a votar, mas ninguém é obrigado a beber. Mesmo assim, existe mais gente que bebe do que gente que vota. O abstêmio político geralmente está protestando contra o preço de alguma coisa. O abstêmio alcoólico passou a vida protestando contra preço da bebida, mas bebeu assim mesmo.
Há quem diga que a abstenção não é uma escolha, é uma desistência. O que sei é que é mais fácil desistir de votar do que desistir de beber. A abstenção eleitoral ocorre muito em regimes totalitários. A abstenção alcoólica só é forçada no dia da eleição, sob a vigilância de tropas estaduais e federais. E nem assim funciona.
Existem dois tipos de abstenção política: a presencial, quando o eleitor anula o voto de propósito; e a não presencial, quando ele não comparece à cabine de votação. A abstenção presencial do alcoólatra é quase impossível e só muito raramente acontece.
Todo abstêmio é um chato, mas o pior deles é o abstêmio total, aquele que não vota, nem bebe. É o que mais causa prejuízo a Nação.

14 comentários:

  1. Cunha tu ainda chora a derrota??? é vai doeu no bolso mesmo.....
    Realmente tu tens que passar o ano chorando... vou te dar uma dica, escreve agora apoiando a Oligarquia, quem sabe tu não cai nas graça deles e te dão uma gorjetinha.... Ai tu esquece o passado rapidinho.....

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    1. A oligarquia já está no poder estadual e inaugura o poder municipal em janeiro. Nãop precisa, nem quer meu apoio.

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  2. Por que causa prejuízo a nação ? Só por que não concorda com os candidatos que são as únicas opções a se escolher. A coisa é simples, por exemplo se você esta assistindo televisão e lá não tem um canal que lhe satisfaça, o que você faz desliga a tv é uma escolha pois você não é obrigado a assistir o que não quer. Assim como ninguém é obrigado a votar em quem não quer, então não é prejuízo é só fazer uma análise. No dia que a abstenção for superior a 70 % se prepare pois ai haverá uma nova revolução e apareceram novos lideres, pois os que ai estão, não foram aprovados por 22% da sociedade ludovicense. Eu sou um desses chatos, reforma política já, igualdade para todos e mais uma coisa, para eles TUDO É APENAS UM BOM NEGÓCIO.

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    1. Você, Alam, tem uma veia anarquista, Eu gosto de anarquistas. Ou, como dizia Joseph Proudhon, toda propriedade particular é roubo.

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  3. Pode ser que você caro Cunha tenha razão, é só mais um grupo novo de oligárquicos, mas pelo menos, não estamos pensando, digo a maioria dos que votaram no último pleito, que cometemos o erro de deixar a mesma pessoa e que históricamente nunca fez tanto assim.. a esperança é um defeito que pode trazer benefícios, por que não acreditar que algo pode ser um pouco melhor diferente do que já temos visto?

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  4. Independente de em quem votamos e se votamos, a qual partido apoiamos, quem ganhou e quem perdeu devemos admitir que esse texto é genial.

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  5. cunha santos.

    Beber é um vício que não noa engrandece em nada, por experiencia própria, eu já beibi uma cota que não me cabia e já vão 25 anos e não bebo nem fumo, sendo assim o a abstenção do álcool é um bom sinal prá que toma decisão de não mais encher a sua urna com bebidas, no entanto esta ABSTENÇÃO em relação a eleiçao é prova que a esperança não venceu o mêdo, mas abstenção venceu os dois candidatos, é somar primeiro e segundo turno e vê queo mêdo venceu a esperança econdenou vencedores vencidos. Venceram hoje com certeza serão derrotados amanhã pelas suaspróprias incerencias e práricas políticas velhas dentro de roupagem nova, pois aroupa não faz o homem.

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  6. Zé Maria da Cunha Santos, não venha a ficar careta pela abstinência. O que seria dos grandes poetas sem serem devotos do deus Baco? Teriamos um Hemingwey, um Bodelaire, um Lima Barreto, Nauro Machado, et coetera. Quem não pode beber whisky 12 anos bebe uma cachacinha mesmo. Assina: Carlos™

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    1. Talvez eu esteja cansado dos festins de Baco, só isso. Mas lhe aconselho, Carlos a dar uma lida em Paráísos Artificiais, de Boudelare. Obrigado, também, pela referência ao poeta Nauro machado...

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