Editorial
JP, 15 de fevereiro
Um
linguajar de purgatório norteia o jornalismo sarneisista neste momento. Pessoas
e autoridades são tratadas publicamente como se insultos e palavras de baixo
calão fossem prerrogativas da imprensa; o título da coluna “Estado Maior”,
ontem, por exemplo, é um primor da evisceração moral de qualquer autoridade. “O
dono do prefeito” é como se dissessem marionete, é uma referência perversa a
seres sem vontade, acéfalos, sem personalidade própria.
E
vão mais longe: ser evangélico, não freqüentar os festins de Baco, não engolir
bebida destilada, não aspirar substâncias narcotizantes e se entregar à
jogatina virou pecado capital. É crime, na Bíblia Negra escrita nos bastidores
do poder. E, mais que a Guerra Santa, preparam a Santa Inquisição. As fogueiras
já estão acesas. Os pecadores, ou seja, todos os que não compraram a
indulgência do sarneisismo, já foram escolhidos. Preparem-se para arder.
Essa,
entretanto, é a mais antiga estratégia do Diabo: jogar cristãos contra
cristãos. Estamos diante da Besta do Apocalipse, dos espíritos enganadores
assistidos pelo apóstolo João. Eles tentam se aproveitar da ausência
devidamente representada do prefeito a uma festa de carnaval, para jogar
católicos contra evangélicos e promover
em São Luís uma Guerra Santa Eleitoral que lhes ponha em vantagem, visto que os
católicos são em maior número. Eis aí um ato totalmente digno dos mais secretos
desejos de Belzebu.
Na
Bíblia Negra do sarneisismo tem um versículo inconfundível: “Amarás a teu
Sarney sobre todas as coisas”. Seus seguidores, ideologicamente conscientes
desse dogma, os sacerdotes da nossa “Santa Inquisição” particular, preparam A
Esfola, a remoção da pele de todo mundo que não reze conforme os salmos
infernais difundidos a partir da Ilha de Curupu. Haja bajulação!
Estão
brincando com Deus, senhores! Não se planeja uma maldição como essa contra a
cidade em que se nasceu ou cresceu. São Luís não merece isso e, por mais que
vocês não queiram, católicos e evangélicos vão continuar vivendo em paz aqui e
cultuando a mesma fé que sempre professaram. Sem escolhas políticas forçadas
pela inversão do evangelho ou por tribunais de exceção eclesiásticos
recém-consagrados por reles mortais de Mefistófeles.
Nunca
no Maranhão se havia confrontado a religião de qualquer autoridade; nunca
ninguém tinha tido uma idéia política tão vil. Até porque, entre pessoas que
conservam a sanidade mental, tal idéia seria impensável. Vai ver, estavam
sonhando com carnavalescos armados até os dentes atacando igrejas ou com alguma
turba-multa de fanáticos gritando impropérios contra a fé de seus semelhantes.
Não tem outra palavra. É repugnante.
E
também insinuam na matéria que o prefeito será contra as festas juninas, já que
elas se manifestam em nome de São João e São Pedro. Haja bajulação! Porque não
constroem logo a primeira capela de São Sarney e vão para lá rezar, todos os
dias, em romaria, em latim ou sânscrito para que ninguém possa entender e sair
correndo?
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