sexta-feira, 26 de abril de 2013

Os presos e nós

JM Cunha Santos

A presença da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Assembléia Legislativa do Maranhão, presidida pela deputada Eliziane Gama, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas revela uma situação no mínimo curiosa: tudo o que tem de muito ruim lá dentro tem aqui fora. Senão vejamos: Do que os presos mais reclamaram, conforme matéria no site da Assembléia, foi da superpopulação, situação que é no mínimo direito adquirido de quem é obrigado a se locomover através do terrível Sistema de Transportes de São Luís. E com direito a sovacos tão odorosos quanto os sovacos dos presidiários, já que o preço de um bom desodorante está pela hora da morte. Um ônibus do Anjo da Guarda, Fumacê, Vila Embratel, ao sol quente do meio dia tem o mesmo efeito de uma sentença judicial, podem apostar.
Reclamam também os internos de Pedrinhas da falta d’água. Ora, nesse aspecto, eles pelo menos têm a vantagem de não receber todos os meses em suas celas as contas da Caema. Ninguém precisa ser condenado no Maranhão para que lhe falte o precioso líquido da vida. Água por aqui anda mais escassa que no deserto do Saara.
O terceiro e grave problema dos “clientes” do Complexo Penitenciário são as disputas violentas entre facções criminosas e as rebeliões que quase sempre acabam em mortes e crimes hediondos. Nem por isso. Uma das principais razões dos fulminantes índices de criminalidade em São Luís é exatamente a disputa de territórios entre facções do tráfico. É tanto homicídio na capital que até parece que estamos em guerra.
Resumindo: os presidiários só perdem para nós porque estamos livres (de algumas coisas) e eles não.

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