JM
Cunha Santos
E
um leitor preocupado envia e-mail listando o que considera sérias razões para
que não se arquive a CPI da Violência Contra a Mulher. Ele diz que apanha da
mulher quase todos os dias e que esse é um fato concreto que poderia servir de
objeto à CPI. O fato foi registrado na
Delegacia da Mulher sem que houvesse qualquer incômodo para sua amada esposa.
Alega mais, que a dona de casa não está provendo a contento o sustento das
crianças. Deixa faltar alimentação e este mês seus filhos foram proibidos de
entrar na escola por falta de pagamento.
O
sofrido leitor chama a atenção para os laços indissolúveis do casamento, em
comunhão de bens e protesta contra o fato de que sua cara-metade fica noites
inteiras na rua, na maior farra e, além de tudo, o submete a um verdadeiro
regime de escravidão. O cara se diz obrigado a lavar, engomar, cozinhar, cuidar
das crianças e ainda trabalhar fora e alega que por qualquer motivo é proibido
de ver a novela das oito. Se insistir, entra no tapa. Como não está conseguindo
ser ouvido pelas autoridades, tinha muitas esperanças de que seu problema fosse
resolvido na CPI da Violência Contra a Mulher.
O
sujeito ainda explica que já se separou uma vez da cruel consorte, mas que ela
se negou a pagar pensão alimentícia e teve ganho de causa na Justiça. Como seus
rendimentos são poucos, ele teve que voltar para casa a fim de garantir o
próprio sustento e o sustento dos filhos. O mais grave é que quando está
apanhando muito não encontra uma única Instituição que queira acolhê-lo e
alimentá-lo para que se livre da pancadaria. Sem contar que com a miséria que
ganha, teme, em caso de separação, perder a guarda dos filhos.
Como
jornalista e preocupado com os graves problemas sociais desta cidade, registro
aqui o apelo do machucado leitor no sentido de que a CPI não se auto-dissolva.
Porque não consegue punir sua esposa violenta, o leitor acha justo que pelo
menos o mundo tome conhecimento da covardia que contra ele está sendo cometida.
No que concordo plenamente.
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