terça-feira, 7 de maio de 2013

Cabra macho

JM Cunha Santos

E um leitor preocupado envia e-mail listando o que considera sérias razões para que não se arquive a CPI da Violência Contra a Mulher. Ele diz que apanha da mulher quase todos os dias e que esse é um fato concreto que poderia servir de objeto à CPI.  O fato foi registrado na Delegacia da Mulher sem que houvesse qualquer incômodo para sua amada esposa. Alega mais, que a dona de casa não está provendo a contento o sustento das crianças. Deixa faltar alimentação e este mês seus filhos foram proibidos de entrar na escola por falta de pagamento.
O sofrido leitor chama a atenção para os laços indissolúveis do casamento, em comunhão de bens e protesta contra o fato de que sua cara-metade fica noites inteiras na rua, na maior farra e, além de tudo, o submete a um verdadeiro regime de escravidão. O cara se diz obrigado a lavar, engomar, cozinhar, cuidar das crianças e ainda trabalhar fora e alega que por qualquer motivo é proibido de ver a novela das oito. Se insistir, entra no tapa. Como não está conseguindo ser ouvido pelas autoridades, tinha muitas esperanças de que seu problema fosse resolvido na CPI da Violência Contra a Mulher.
O sujeito ainda explica que já se separou uma vez da cruel consorte, mas que ela se negou a pagar pensão alimentícia e teve ganho de causa na Justiça. Como seus rendimentos são poucos, ele teve que voltar para casa a fim de garantir o próprio sustento e o sustento dos filhos. O mais grave é que quando está apanhando muito não encontra uma única Instituição que queira acolhê-lo e alimentá-lo para que se livre da pancadaria. Sem contar que com a miséria que ganha, teme, em caso de separação, perder a guarda dos filhos.
Como jornalista e preocupado com os graves problemas sociais desta cidade, registro aqui o apelo do machucado leitor no sentido de que a CPI não se auto-dissolva. Porque não consegue punir sua esposa violenta, o leitor acha justo que pelo menos o mundo tome conhecimento da covardia que contra ele está sendo cometida. No que concordo plenamente.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário