JM
Cunha Santos
O
país está farto de ver seus meninos e meninas sendo engolidos pelas drogas,
especialmente o crack que deles consegue roubar até o sentido de
auto-preservação, pois usam em qualquer lugar, sem temor da lei ou da polícia,
sem nenhum cuidado com a saúde, sem preocupações alimentares e familiares. Essa
situação gera tentativas de todos os gêneros para combater a escravidão das
drogas e a Câmara Federal acabou de aprovar uma lei que estende a internação
compulsória (contra a vontade do paciente) a todo o país.
O
problema é que o Estado não se aparelhou para atender à demanda dessas
internações, ou seja, não há instituições públicas habilitadas em número
suficiente para receber o grande número de doentes que deve desembarcar nos
próximos meses à tutela do Estado. Encarado já como epidemia, o consumo de
drogas está fulminando uma geração literalmente escravizada para quem o amor, o
trabalho, o estudo e outras conquistas da humanidade simplesmente deixaram de
existir.
A
discussão sobre a legalidade ou não da internação compulsória, o que em outras
épocas se chamaria confinamento, torna-se inócua diante do crescimento da
violência, do número de furtos, assaltos e homicídios que se eleva quase que na
mesma proporção do consumo. Há quem diga que com a lei as pessoas vão ter o
direito de exigir vagas para internação do Estado, o que acabará beneficiando a
rede privada de clínicas psiquiátricas. Mas até a questão econômica torna-se
supérflua quando deparamos todos os dias, nos bares, nas avenidas, nos
restaurantes, nos arredores dos shoppings, nos sinais de trânsito, nas
crackolândias, com verdadeiras coleções de zumbis, fantasmas amarelos
mendigando qualquer trocado para saciar a fome de ácido que lhes corrói. E
esses fantasmas são parte significativa de uma geração sem rumo e sem direção
que deveria ser responsável pelo futuro desse país.
A
nova lei assegura que a internação compulsória poderá ocorrer por solicitação
da família ou responsável legal e servidores públicos na área da saúde e
assistência social. Parece terrível e é, mas é preciso entender que o estado
estará internando alguém que se ainda não roubou, vai roubar; se ainda não
matou vai matar e que se não for detido estará morto dentro dos próximos cinco
anos.
Não
se pode mais enxergar a droga como um problema meramente legal e sim como um
flagelo que aumenta o número de vagabundos, marginais, mendigos e bandidos em
proporções que a qualquer momento podem fugir ao controle do Estado. A própria
polícia já começa a ficar de mãos atadas, sem contingente e sem armas para
enfrentar o tráfico e crianças, um número cada vez maior de crianças – imaginem
isso – é atraído, contratado pelo tráfico para agir como bandidos na periferia
da sociedade.
Dizer
simplesmente que as famílias preferem a internação para fugir à
responsabilidade é puro simplismo. Não há como tratar em casa, sem a presença
de profissionais, pessoas a toda hora atacadas de surtos psicóticos, que se
isolam dias seguidos ou nunca estão em lugar nenhum. É duro, é difícil
reconhecer, mas o flagelo das drogas chegou a tal ponto que parece não haver
outra saída para o país.
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