Editorial
JP, 8 de maio
Os
discursos se sucedem na Assembléia e a violência ganha tons de calamidade
pública em São Luís. São Paulo é uma das maiores metrópoles do mundo, com cerca
de 10 milhões de habitantes e é menos violenta que a capital do Maranhão,
conforme calcula o deputado Bira do Pindaré. A violência é sistêmica e é um
problema de toda a Nação, defendem os deputados do governo, mas talvez seja
essa apenas uma desculpa, uma velha e surrada forma de fugir à
responsabilidade.
Nenhuma
dúvida de que um grave problema de gestão estimula essa situação cada vez mais
insuportável. Para alguns, como o deputado Raimundo Cutrim, o problema está na
falta de competência administrativa do secretário de Segurança, Aluísio Mendes.
Para outros, como o deputado Marcelo Tavares, todos os prêmios pela insegurança
e violência desmedida e impune de São Luís e do Maranhão devem ser conferidos à
governadora Roseana Sarney. Marcelo informa que enquanto a Secretaria Geral da
Polícia Civil recebeu apenas R$ 7 milhões em 2012 e todo o custeio da Polícia
Militar não chegou a R$ 17 milhões, o governo gastou R$ 56 milhões em
propaganda.
E
olha que muito dessa propaganda foi a propaganda de nada; a propaganda do que
não aconteceu como a Refinaria Premium e a geração de 200 mil empregos no
Estado, de certo ocupados por maranhenses que também devem não existir. Sem
investimentos, sem viaturas, sem combustível, sem delegacias apropriadas, com
as penitenciárias superlotadas até o teto, o Sistema Estadual de Segurança vive
situação de dificuldade. Sem contar que o efetivo da Polícia Militar é restrito
para uma população de quase 7 milhões de habitantes em todo o Estado. Há
municípios sem delegacias, há municípios sem polícia e há municípios onde a
polícia depende do sustento da Prefeitura para se manter.
Em
outra vertente, que foge à dos assaltos, latrocínios e do incrível índice de
homicídios, a insegurança se sustenta na pistolagem e na agiotagem que confisca
recursos das prefeituras do Maranhão. O governo não pode se eximir de suas
responsabilidades e tentar tapar o sol com a peneira, conforme se infere da
declaração do secretário Aluísio Mendes de que o clima de insegurança em São
Luís é artificial. Artificial é aquilo que apenas dá a impressão, mas os
cadáveres que podem ser conferidos todos os dias no IML são reais.
É
inconcebível e beira, de fato, à irresponsabilidade pública, que diante desse
quadro o governo ainda prefira investir mais em propaganda que em segurança.
Desde a greve dos policiais, há dois anos, já se falava da falta de combustível
nas viaturas da PM. E ainda há a
gravíssima denúncia do deputado Marcelo Tavares de que a PM tem muitas viaturas
(vazias) porque elas são compradas em sua maioria de parentes da governadora do
Maranhão. É uma denúncia tão séria que chega a ser inacreditável. E sobre nada
disso ninguém consegue que ninguém no governo dê explicações.
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