quarta-feira, 8 de maio de 2013

Irresponsabilidade

Editorial JP, 8 de maio

Os discursos se sucedem na Assembléia e a violência ganha tons de calamidade pública em São Luís. São Paulo é uma das maiores metrópoles do mundo, com cerca de 10 milhões de habitantes e é menos violenta que a capital do Maranhão, conforme calcula o deputado Bira do Pindaré. A violência é sistêmica e é um problema de toda a Nação, defendem os deputados do governo, mas talvez seja essa apenas uma desculpa, uma velha e surrada forma de fugir à responsabilidade.
Nenhuma dúvida de que um grave problema de gestão estimula essa situação cada vez mais insuportável. Para alguns, como o deputado Raimundo Cutrim, o problema está na falta de competência administrativa do secretário de Segurança, Aluísio Mendes. Para outros, como o deputado Marcelo Tavares, todos os prêmios pela insegurança e violência desmedida e impune de São Luís e do Maranhão devem ser conferidos à governadora Roseana Sarney. Marcelo informa que enquanto a Secretaria Geral da Polícia Civil recebeu apenas R$ 7 milhões em 2012 e todo o custeio da Polícia Militar não chegou a R$ 17 milhões, o governo gastou R$ 56 milhões em propaganda.
E olha que muito dessa propaganda foi a propaganda de nada; a propaganda do que não aconteceu como a Refinaria Premium e a geração de 200 mil empregos no Estado, de certo ocupados por maranhenses que também devem não existir. Sem investimentos, sem viaturas, sem combustível, sem delegacias apropriadas, com as penitenciárias superlotadas até o teto, o Sistema Estadual de Segurança vive situação de dificuldade. Sem contar que o efetivo da Polícia Militar é restrito para uma população de quase 7 milhões de habitantes em todo o Estado. Há municípios sem delegacias, há municípios sem polícia e há municípios onde a polícia depende do sustento da Prefeitura para se manter.
Em outra vertente, que foge à dos assaltos, latrocínios e do incrível índice de homicídios, a insegurança se sustenta na pistolagem e na agiotagem que confisca recursos das prefeituras do Maranhão. O governo não pode se eximir de suas responsabilidades e tentar tapar o sol com a peneira, conforme se infere da declaração do secretário Aluísio Mendes de que o clima de insegurança em São Luís é artificial. Artificial é aquilo que apenas dá a impressão, mas os cadáveres que podem ser conferidos todos os dias no IML são reais.
É inconcebível e beira, de fato, à irresponsabilidade pública, que diante desse quadro o governo ainda prefira investir mais em propaganda que em segurança. Desde a greve dos policiais, há dois anos, já se falava da falta de combustível nas viaturas da PM. E ainda há  a gravíssima denúncia do deputado Marcelo Tavares de que a PM tem muitas viaturas (vazias) porque elas são compradas em sua maioria de parentes da governadora do Maranhão. É uma denúncia tão séria que chega a ser inacreditável. E sobre nada disso ninguém consegue que ninguém no governo dê explicações.    

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