Editorial
JP, 9 de maio
A conclusão é uma só: ou Roseana Sarney usa
seu poder e sua força para por fim à agiotagem com recursos públicos no
Maranhão ou jamais conseguirá governar. E é a própria governadora Roseana o
exemplo mais legítimo de como ficou mais fácil conduzir o estado e os negócios
de Estado depois da decisão de governo – e isso não se pode negar - que pôs fim
ao Crime Organizado no Maranhão, ainda na década de 90.
Prefeitos
eram assassinados, pistoleiros eram mortos em queima de arquivo, cargas eram
seqüestradas e caminhoneiros chacinados, gado era roubado, bancos explodiam,
famílias se autodestruíam, juízes, promotores, advogados e jornalistas viviam
ameaçados até que uma CPI criada em Brasília ganhou lastro no Maranhão e, em
conjunto com a ação da Secretaria de Segurança Pública, à época sob comando do
hoje deputado Raimundo Cutrim, pôs na cadeia os figurões que financiavam o
crime, limpou a polícia dos cúmplices da bandidagem e o Estado pode se
reconhecer autônomo e gestor das relações sociais do Maranhão.
Essa
é uma hora que requer decisão de poder, decisão de governo, no mesmo nível da
que foi tomada na década de 90 contra o Crime Organizado. A agiotagem nas
prefeituras se espalhou como um câncer capaz de provocar a falência múltipla
dos órgãos estatais e, pelo que se sabe até agora, com tumores localizados nos
três poderes. Não há que se ter contemplação com ninguém. O confisco dos
recursos das prefeituras deve ser visto como patrono principal da miséria
absoluta, da desorganização fundiária, da infraestrutura combalida dos
municípios, de índices sociais terríveis como o da educação. Ninguém consegue
governar um Estado no qual as transferências federais são consignadas para
contas particulares, inclusive o Fundo de Participação, inclusive o dinheiro
faminto da merenda escolar.
A
intentona do deputado Raimundo Cutrim em instalar a CPI da Agiotagem está sendo
bombardeada ora pelo governo, ora por uma oposição que teme chantagem, o que
significa que há muito mais culpados que inocentes nessa história toda. Não é
hora de proteger ninguém, é hora de proteger o Maranhão, de salvar o pobre
munícipe que lá nos confins do interior não tem água, não tem luz, não tem
saúde, não tem alimentação porque sanguessugas se apropriam do que é dele e
porque o Estado, quem sabe implicado nas figuras que o representam, é incapaz
de reagir. E não se esqueça que grande parte desse dinheiro é recurso Federal.
Deve, portanto, o Ministério da Justiça ser também convocado a reagir. Mas nem
as notas fiscais correspondentes ao movimento financeiro dos agiotas querem que
chegue ao conhecimento da população. Reaja, governadora! Assim como nos tristes
tempos do crime organizado, é de novo a Senhora a autoridade maior do Maranhão.
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