quarta-feira, 2 de abril de 2014

A cidade do medo

JM Cunha Santos

São Luís anoitece sem transportes e amanhece conflagrada pelos protestos de policiais nas ruas. As primeiras notícias informam sobre homens em armas cercando o retorno que dá acesso à ponte do São Francisco. O trânsito não se move em muitas direções e a população sua um suor novo que junta pânico e calor nos corpos. O governo enfrenta a polícia e a polícia enfrenta o governo. O povo enfrenta os dois e os bandidos.
É a cidade do medo. Sites publicam que por pouco o Batalhão de Choque da PM não foi recebido a bala por policiais em greve. Anuncia-se, em seguida, a prisão do coronel Francisco Melo, um dos líderes do movimento grevista. Ninguém consegue explicar como chegamos a esse ponto de convulsão. Na Assembléia Legislativa, uma moça adentra o Comitê de Imprensa e conta o que viu na cabeceira da ponte. E o que ela viu apavora.
Policiais acusam o Batalhão de Choque de trair a tropa em sinal de subserviência ao governo e ameaçam arrancar na marra o coronel Melo da prisão militar onde está detido. São Luís pode se transformar num campo de batalha. É exasperador. Chega a notícia de que as tropas em greve deixaram a Câmara Municipal e, assim como em 2011, vão ocupar a Assembléia. A maioria dos funcionários e visitantes monta nos automóveis e desocupa às pressas a sede do Poder Legislativo. Estão com medo. São Luís é a cidade do medo. Todos os medos.
O medo que vem da penitenciária, o medo que vem das ruas ocupadas por assaltantes e traficantes, o medo que está dentro das casas que a qualquer hora podem ser invadidas por bandidos, o medo de um confronto entre policiais.
Esse clima de guerra, permanente, pauta um pensamento lógico: fomos impedidos de viver. Medo e fúria. Decepção e medo. É assim que governam o Maranhão.  

Um comentário:

  1. ENQUANTO ISSO A NOSSA DIGNÍSSIMA GOVERNADORA DELEITA EM SEU PALÁCIO...É SÃO LUIS O QUE FAZER COM SEU CODINOME "ILHA DO AMOR"?

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