O presidente do Sindicato dos Revendedores de
Combustíveis do Maranhão, Orlando Santos, e o empresário Otávio Ribeiro de Jesus Neto prestaram depoimento à CPI dos Combustíveis, em sessão realizada
na tarde desta quarta-feira (30). Os deputados Othelino Neto (PCdoB),
presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, André Fufuca (PSD), Jota Pinto
(PEN) e Roberto Costa (PMDB) sabatinaram os depoentes.
“Não concordo com essa observação de que existe
cartel. Há postos com preços diferenciados em São Luís”, disse Orlando Silva
durante o depoimento em que evitou citar nomes e responder determinados
questionamentos. Segundo ele, não houve, em São Luís, aumento premeditado nos
preços dos combustíveis.
À CPI, Orlando Silva disse não acreditar que possa
estar existindo uma cartelização dos preços dos combustíveis, mas admitiu que o
sindicato já recebeu denúncias sobre adulteração da gasolina.
Os empresários Otávio Ribeiro de Jesus Neto e Francisco Nunes de Melo,
donos de postos de combustível, foram outros dois convocados para prestar
depoimentos à CPI nesta tarde. No entanto, a oitiva de Francisco Nunes de Melo,
uma das testemunhas-chaves, foi adiada para a próxima quarta-feira (7), às
15h30, por solicitação do depoente que alegou não dispor, no momento, dos
documentos que comprovam o que tem a dizer.
O primeiro a depor foi Otávio Ribeiro de Jesus Neto, dono do posto da
Avenida dos Franceses, próximo ao Ceuma III, no Anil, de bandeira da Shell, que
disse ser apenas o administrador, sendo seu irmão o proprietário, com seis anos
de atuação no ramo. O depoente é um dos arrolados no inquérito instaurado pelo
Ministério Público, em 2011, que resultou em acordo judicial, no qual negociou
o pagamento de multa no valor de R$ 31 mil, parcelado R$ 15 mil em três vezes
no valor de R$ 5 mil e o restante em oito vezes.
DEPOIMENTOS
Para Otávio Ribeiro de Jesus Neto, não existe cartel de preços de
combustível, em São Luís, o que há, segundo ele, é um mercado que está
quebrado. “Eu, por exemplo, estou atravessando sérias dificuldades financeiras.
O alinhamento de preços para cima ou para baixo faz parte da dinâmica do
mercado”, argumentou.
“Hoje, em São Luís, quem ultrapassar o preço de R$ 3,00 vai quebrar.
Antes, nós tínhamos uma guerra de preço, agora não. Se tivesse de haver
combinação de preços era pra ter acontecido antes. Passei seis meses sem
aumentar preço. A distribuidora, mensalmente, aumenta os preços, que variam de
posto pra posto em função de vários fatores, dentre eles a localização. Não
acredito em combinação de preços nem tampouco em adulteração de combustível”,
disse Otávio Ribeiro.
Em seu depoimento, Orlando Santos disse que também se surpreendeu com o
fato de, no dia 08 de abril último, a grande maioria dos postos apresentar o
preço da gasolina de R$ 2,99, acrescentando que “o mercado se assustou com
isso”. Para ele é a dinâmica da lei da oferta e da procura, no mercado, que
dita os preços e não o sindicato ou quem quer que seja. “Até a Agência Nacional
do Petróleo (ANP), a quem cabe a fiscalização dos postos de combustível, nunca
cogitou a possibilidade de existir um cartel no preço dos combustíveis, em São
Luís, nem de adulteração de combustível”, observou.
Segundo Orlando Santos, nos últimos 12 meses, foram fechados 12 postos
de gasolina dos 157 existentes em São Luís, em razão da dinâmica do mercado e
da gestão do negócio que implica em capital variado e fixo. “É o mercado quem
pode explicar o que parece não ser lógico como, por exemplo, a diferença de
preço do combustível de Teresina (PI) para São Luís ou de Estreito e Balsas, no
Sul do Maranhão”.
MAIS CONVOCADOS
O presidente da CPI, o deputado Othelino Neto, avaliou os depoimentos
como muito importantes e disse que, na próxima semana, a CPI vai ouvir
convocados mais vinculados ao fato gerador da CPI, que é a suposta
cartelização, evidenciada no dia 08 de abril último, com praticamente o mesmo
preço da gasolina em toda São Luís.
A CPI volta a se reunir na próxima quarta-feira (7), no Plenarinho, às
14:30h, para ouvir um representante da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o
empresário Francisco Nunes de Melo, às 15h30.
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