terça-feira, 21 de outubro de 2014

Os alquimistas no corredor

Editorial JP, 21 de outubro

 
O novo governo ainda nem tomou posse e já temos que lidar com alquimistas à procura de fórmulas para reinventar o sarneisismo. Isto significa, antes de tudo, falta de respeito para com o povo que, por uma diferença de quase 1 milhão de votos, destronou o Império que açambarcou o poder por quase meio século e, além disso, entregou à oposição a única cadeira em disputa para o Senado.
As fórmulas incluem ingredientes no mínimo azedos, como a volta de Roseana Sarney à política na condição de prefeita de São Luís em 2016 ou governadora em 2018, entre outros absurdos da alquimia que em outros séculos pretendeu transformar metais menos nobres em ouro. Na canção de Bob Dylan, “os alquimistas ainda estão no corredor”. Parece que a fragorosa derrota ainda não foi absorvida e muitos resolveram forçar a própria permanência nos corredores do poder. Em outras cabeças, uma ocasional e difícil vitória de Dilma Roussef, retornaria Sarney ao poder e desencadearia um terrível processo de perseguição ao Maranhão e ao governo que assume em 2015.
Só que a lógica dos alquimistas preconizava a transformação e, no caso do Maranhão, essa transformação já começou. E começou exatamente no último dia 5 de outubro quando o povo entornou os tachos da prepotência, da arrogância e do totalitarismo e diluiu as fórmulas químicas que impediam nesse Estado o desenvolvimento e a alternância de poder.
 A fórmula que se busca agora é a da construção de um novo modelo político, capaz de inibir a corrupção, de elevar os indicadores sociais do Estado, de retrair os níveis de violência, conquistar a Paz e garantir mais segurança a este povo que viveu verdadeiros dias de pavor.
A transmutação dos metais inferiores e a descoberta do elixir da longa vida, talvez ainda não sejam possíveis, menos ainda um remédio que cure todas as dores; mas podemos pensar que a vida pode ser melhor para os maranhenses empobrecidos que vivem há tanto tempo sem água potável, os que enfrentaram a grilagem, o desmatamento criminoso, a especulação imobiliária da terra, entre outras mazelas do modelo político que se extinguiu.
Não há Pedra Filosofal que permita criar vidas humanas artificiais, mas é possível, sim, conseguir que a realeza enriqueça menos para que a pobreza possa viver com mais dignidade. Os alquimistas políticos precisam, portanto, ter a nobreza de sair dos corredores do poder para que o sonho dos plebeus que derrubaram o Império se realize sem traumas nem mais interrupções.
Não podem ficar inventando fórmulas aqueles cujas fórmulas nunca deram certo, esses cuja alquimia só serviu para encolher a vida, retardar a chegada do futuro e provocar convulsões sociais.

Um comentário:

  1. “Os alquimistas já estão no corredor e não tem mais nada negro amor”. Os alquimistas todos se juntam para reelegerem a Dilma, esta é a única formula de reinventar o sarneysismo. A esperança da Roseana, que não se satisfez com o golpe que a retornou ao governo patrocinado pelo Lula e o PT, é estar no governo dilmista com um ministério.
    A julgar pelo amor do Lula ao Sarney isto não será difícil, afinal foi o Lula que falou “ O Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”
    Engraçado é ver toda a esquerda maranhense abraçando apaixonadamente a eleição da Dilma sem uma visão estratégica de que isto significa: dar alento aos Sarneys.
    Depois quando Sarney, Lula e Dilma juntarem-se para um novo golpe contra o governo do Flavio Dino, ficarão tipo criança chorando pelo picolé roubado.
    Aos que consideram que sem mandato o Sarney não representa perigo, lembro que Vitorino Freire mandou muito tempo neste estado através das suas amizade na capital federal.
    “Os alquimistas já estão no corredor e não tem mais nada negro amor”.

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