Hoje, cerca de 60%
a 65% da água tratada que é lançada na rede de distribuição é perdida. Segundo
dados do Atlas do Desenvolvimento Humano (PNUD) 2013, metade da população
maranhense vive em casas sem água encanada e banheiro. –
Do Jornal Pequeno
Sucateamento e
dívida milionária marcam a situação em que foi recebida a Companhia de
Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema). Com apenas 5% do esgoto tratado, a
estrutura dos sistemas de abastecimento está precarizada, com rodízio de água
na capital e dívidas que acumulam as cifras de R$ 750 milhões. Para solucionar
o problema, o governador Flávio Dino determinou investimento maciço na rede de
abastecimento de água e saneamento ambiental do Maranhão.
“O segredo é
investimento público. E obedecer ao princípio da moralidade administrativa,
utilizando recursos públicos com seriedade e transparência, motivando os
trabalhadores a perseguir a mesma direção, assim poderemos superar a situação
que está posta”, assegura o presidente da Caema, Davi Telles, ao comentar os
dados alarmantes.
De acordo com Davi,
a dívida encontrada está entre R$ 500 mi e 700 mi. “Se a gente for considerar,
por exemplo, apenas dívidas fiscais e de outras naturezas, a dívida consolidada
chega a R$ 500 mi, e se consideramos os processos em que temos grandes chances
de perda, a quantia chega a R$ 750 mi”, relata o presidente.
A gestão tem,
ainda, o desafio de resolver o déficit mensal da instituição, que chega a
aproximadamente R$ 8 milhões ao mês – considerando a diferença entre a
arrecadação líquida, que está entre R$ 22 mi e R$ 23 mi, e as despesas
correntes, que estão entre R$ 30 e 31 mi. “Para resolver esta situação,
primeiro temos que auditar, saber do que realmente se trata este déficit, temos
que organizar nossa contabilidade”, aponta Davi.
Ele afirmou que
será licitada a contratação de uma empresa para realizar auditoria externa
conclusiva, como exige a Lei 6.404, das Sociedades Anônimas. O secretário
esclareceu que os relatórios existentes na Caema de auditorias anteriores,
realizadas na gestão da ex-governadora Roseana Sarney, são inconclusivos, não
havendo sequer dados com informações completas do patrimônio da empresa.
Revitalização da Companhia
O Governo do Estado
lançará mão de um conjunto de medidas para revitalizar a Companhia de
Saneamento Ambiental. “A gente estabeleceu prioridades claras. Temos as
prioridades finalísticas, que se referem aos serviços de água e esgoto. E temos
as prioridades meio, que são as prioridades estruturais, que dizem respeito a
tudo aquilo que precisamos implementar para chegar aos nossos objetivos
finais”, explica Davi.
Entre as
prioridades meio está a reorganização interna da Caema, com a verificação da
estrutura organizacional – o organograma dispõe de 512 cargos comissionados,
sendo importante a verificação da necessidade de racionamento –, o investimento
em tecnologia – a fragilidade, neste aspecto, fica clara sendo, por exemplo, a
Caema a única companhia de saneamento ambiental do nordeste que não tem o
sistema de monitoramento automatizado dos reservatórios de água.
Outros pontos são a
definição de rotinas e procedimentos internos e o investimento em estrutura –
além da revitalização dos três sistemas de abastecimento de água e dos seis de
tratamento de esgoto, é preciso 183 veículos, praticamente todos sucateados. A
série de medidas meio será importante para alcançar as prioridades finalísticas,
que resolverão os grandes problemas enfrentados pela Caema.
Rodízio de água em São Luís
São Luis sofre com
a intermitência de água no abastecimento de água há muito anos. A população da
capital, só pode contar com utilização da água em dias alternados, havendo
bairros que nem sequer este privilégio tem, lidando com a escassez completa. Prometendo resolver a questão do rodízio de água, a
gestão anterior realizou um investimento na ordem de R$ 113 mi, proveniente do
PAC Governo Federal, com contrapartida do Governo do Estado, para a
substituição da adutora do Italuís, o principal sistema de abastecimento, mas
não concluiu a obra.
“Criou-se uma
expectativa artificial de que esta nova adutora resolveria o problema de
intermitência de água de São Luís. E não é verdade. Esta nova adutora nos dá
confiabilidade em relação a rompimento. Ela, em tese, não vai mais se romper, apesar
de termos constatado muitos problemas de soldas no projeto, que a gente está
tentando resolver. Mas ela não solucionará a questão do rodízio porque vai
incrementar algo como 200 litros por segundo. E é necessário entres 1000 e 1200
litros por segundo”, explica Davi Telles.
Neste sentido, o
governador já autorizou uma grande intervenção, a realização da obra de reforço
de vazão do sistema Italuis, que consiste no rebombeamento de água, em
determinado ponto da adutora, para aumentar a vazão. Assim, serão incrementados
mais 1000 litros por segundo, como é necessário.
A fim de solucionar
o rodízio, a Caema ainda lançou, na última quarta-feira (14), o Programa de
Combate a Perdas. A Companhia adotará um conjunto de ações para diminuir a
perda de água, já que, hoje, cerca de 60% a 65% da água tratada que é lançada
na rede de distribuição é perdida – sendo considerando perda toda a água
tratada que não se reverte em receita para Caema, como resultado de vazamentos,
furto de água, fraude, inadequação e desatualização de cadastros e perda
efetiva de água.
Outras medidas
também serão importantes para resolver a questão, como a necessária troca dos
pontos de estrangulamento da rede distribuidora de água, onde há grande perda
de água; e a atuação direta no sistema de poços isolados – São Luís tem mais de
300 poços, complementando os três sistemas de abastecimento, que tem diversos
tipos de problemas, como vazamentos constantes.
Saneamento
“São Luis, como se
nós estivéssemos na idade média, trata apenas 5% do esgoto que produz”, relata
o presidente da Caema, tendo como base, por exemplo, o estado de Sergipe, que
trata 50% do esgoto, ou a cidade de São Paulo, que trata 75%. Além disso,
preocupa a balneabilidade das praias e grande quantidade de esgoto lançado nos
rios. A realização de obras de esgotamento sanitário em São Luís é prioridade
da gestão Flávio Dino.
“Vamos fazer uma
grande força tarefa para destravar todos os empecilhos para ter um padrão pelo
menos de modernidade, para se a gente consegue chegar 50% a 60% do esgoto
tratado num primeiro momento”, informou o presidente da Caema.
Falta de água no estado
Segundo dados do
Atlas do Desenvolvimento Humano (PNUD) 2013, metade da população maranhense
vive em casas sem água encanada e banheiro. Diante da cruel realidade, já nos
primeiro dias da sua administração o governador Flávio Dino implementará o
programa Água Para Todos, que realizará instalações hidrosanitárias, levando
água e banheiro a todos os maranhenses.
A intenção é
começar pelos 30 municípios priorizados no Programa Mais IDH. “Vamos fazer
redes de abastecimento e distribuição plena, não vai ser sistema simplificado.
Com determinação do governador, vamos levar água para esses 30 municípios para
todos os domicílios”, adiantou Davi Telles.
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