domingo, 19 de janeiro de 2020

Um dia tudo vai virar amor

JM Cunha Santos



Um misógino paquiderme
desacelera a nossa harmonia
eu escapo, funil, ao verme
e me afogo de democracia
A máquina do mal na pista
não explica se é noite ou se é dia
quando nos bate a patada racista
e nos corrói sua vã xenofobia
Em horror de uma casca nazista
em pavor da multidão armada
só não me peça que do amor desista
que amor sem quase amor é quase nada
Não viveremos o expurgo da distância
no teu discurso que poreja azia:
pais da sangueira e da intolerância
filhos do ódio em vã supremacia
Um dia terá tudo a mesma cor:
o mesmo azul que a vida fantasia
um dia tudo vai virar amor
- não sobreviverás aos beijos desse dia

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