sábado, 18 de maio de 2013

Manual de sobrevivência ao jornalismo

JM Cunha Santos

1 -Não noticie só verdades. Verdades incomodam. Você vai fazer inimigos e provavelmente também vai morrer de fome.
2 – Não escreva contra governos. Governos são poderosos, vão pedir sua cabeça e em breve tempo você estará desempregado.
3 – Antes de denunciar um chefe político, verifique se  ele já foi acusado de mandar matar alguém.
4 – Por razões aparentes, não escreva nomes de agiotas, pistoleiros e grileiros.
5 – Nunca defenda escancaradamente Sem Terras que tenham invadido fazendas improdutivas.
6 – Nunca, jamais, em tempo algum, denuncie arbitrariedades e violências da polícia de seu Estado.
7 – Não trabalhe para prefeitos que vivam reclamando do orçamento.
8 – Não trabalhe para jornais que façam oposição aos poderosos.
9 – Fique longe, bem longe, de Comissões de Defesas de Direitos Humanos.
10 – Não preste assessoria ao crime organizado. Quando souber demais, você morre.
11 – Aceite todas as censuras, correções e imposições de seus editores.
12 – Não seja correspondente de guerra. Nem de sindicatos de trabalhadores rurais no Maranhão.
13 – Não ganhe apenas para publicar; ganhe também para omitir, que o salário é bem maior.
14 – Faça um curso de puxa-saco, que dá mais dividendos que um curso de herói.
15 – Nunca denuncie um juiz. Juízes não são obrigados a ter a mesma paciência de um deputado. Aliás, nunca escreva pensando em fazer Justiça. Você vai se dar mal.
16 – Seja um jornalista, mas também um arrivista. Assim viverá bem e não correrá perigo nenhum.

Um comentário:

  1. 17- Nunca seja um jornalista, "Maria vai com as outras.
    Quero acreditar que apartir desse post, ninguém vai querer ser mais jornalista. De todo as profissões acredito ser esta a mais inglória, constituida de venais e bajuladores a maioria. Ou estou errado!?.

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